INPE conclui liderança da Disasters Charter com balanço positivo e ampliação da cooperação internacional

Iniciativa favorece o compartilhamento de experiências no uso de tecnologias espaciais para o monitoramento ambiental e a gestão de riscos de desastres.

Publicado em 24/04/2025 15h34

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Divulgação INPE

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), encerrou com sucesso sua gestão à frente da Disasters Charter, um mecanismo internacional que fornece dados de satélites para auxiliar na resposta a desastres em todo o mundo. A liderança brasileira foi encerrada durante a 53ª Reunião do grupo, realizada entre os dias 14 e 17 de abril, em Hyderabad, na Índia.

Ao longo de seis meses de liderança, o INPE coordenou esforços globais para a aplicação de tecnologias espaciais no monitoramento e na resposta a desastres naturais. Nesse período, o Instituto gerenciou um total de 41 ativações do mecanismo, em 29 países, disponibilizando um volume expressivo de 817 imagens orbitais provenientes de seus satélites CBERS-4, CBERS-4A e AMAZONIA-1.

Os dados fornecidos pelo INPE foram cruciais para apoiar as ações de resposta a uma variedade de eventos críticos em diferentes partes do planeta, incluindo:

• O furacão Milton, que atingiu os Estados Unidos em outubro de 2024;
• O ciclone Hondo, que impactou Madagascar em dezembro de 2024;
• Os terremotos ocorridos na China em janeiro de 2025;
• Os deslizamentos de terra e o vazamento de óleo no Equador, ambos registrados em março de 2025;
• Os terremotos que atingiram Mianmar e a Tailândia, também em março de 2025.

Além do fornecimento de imagens de satélite, o INPE desempenhou um papel fundamental na expansão da rede de colaboradores da Disasters Charter. Durante sua liderança, o Instituto capacitou nove novos países como Usuários Autorizados da Carta. Destes, Cuba recebeu treinamento diretamente do INPE, demonstrando o compromisso do Brasil com o compartilhamento de conhecimento e a cooperação Sul-Sul. Os outros oito países, Uzbequistão, Cazaquistão, São Vicente e Granadines, Somália, Belize, Ruanda, Namíbia e Zâmbia, foram capacitados por outras agências membro da Carta.

Esta iniciativa de capacitação reforça o compromisso do INPE e do MCTI com a cooperação internacional e o compartilhamento de expertise no uso de tecnologias espaciais para o monitoramento ambiental e a gestão de riscos de desastres. A liderança do INPE na Disasters Charter demonstra a relevância da ciência e tecnologia brasileiras no cenário global, contribuindo ativamente para a segurança e o bem-estar de populações vulneráveis em todo o mundo.

53ª Reunião da Disasters Charter

A 53ª Reunião da Disasters Charter uniu representantes das 17 agências espaciais que integram o grupo. Além da transição da liderança para a ISRO, a agência espacial indiana, o INPE apresentou contribuições técnicas significativas. Entre elas, destacam-se propostas para otimizar o uso da constelação virtual de satélites da Carta, visando uma distribuição mais equilibrada das tarefas entre as agências participantes.

O Instituto também promoveu discussões sobre a integração com bancos de dados globais de referência, como o EM-DAT (International Disaster Database) e o sistema GLIDE (Global Identifier System). O objetivo dessa integração é aprimorar a padronização das informações e, consequentemente, a eficiência das respostas em situações de emergência.

Outro ponto central abordado pelo INPE foi a padronização das licenças de uso para imagens e produtos derivados. A iniciativa busca estabelecer diretrizes claras que facilitem o compartilhamento de dados, respeitando os direitos autorais. Essas discussões são consideradas essenciais para manter a transparência e a acessibilidade que caracterizam a Carta.

O Brasil marcou presença na 53ª Reunião com a participação de Laercio Namikawa, membro do Conselho da Carta, Thales Sehn Körting, secretário-executivo da Carta, e Catharina Pimenta, representante da Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE).

Carta Internacional Espaço e Grandes Desastres (Disasters Charter)

A Disasters Charter representa um dos mecanismos de cooperação espacial global mais relevantes. Criada em 2000 a partir das recomendações da 3ª Conferência das Nações Unidas sobre a Exploração e Uso Pacífico do Espaço Exterior (Unispace III), essa iniciativa une as principais agências espaciais do mundo em um esforço conjunto: disponibilizar dados orbitais de forma ágil e gratuita em situações de emergência decorrentes de desastres naturais ou causados pelo homem.

O funcionamento do mecanismo se baseia em um sistema eficiente de ativação. Usuários autorizados, órgãos oficiais de gestão de desastres dos países membros, podem solicitar imagens de satélite a qualquer momento. Uma vez acionada, a Carta mobiliza sua constelação virtual de satélites, coordenando a aquisição e o processamento de dados. Esses dados são então transformados em produtos geoespaciais cruciais para as ações de resposta, abrangendo desde operações de busca e salvamento até avaliações detalhadas de danos. Os primeiros resultados são disponibilizados em poucas horas após a ativação.

O INPE formalizou sua adesão ao programa, em novembro de 2011, e iniciou suas operações em 2012. Desde então, tem desempenhado um papel ativo no consórcio, inclusive assumindo a liderança rotativa do mecanismo. Nessa função, que alterna entre as agências membros, o INPE coordena as operações e contribui com dados de sua significativa frota de satélites de observação da Terra, reforçando o compromisso global com o uso humanitário de tecnologias espaciais.

Fonte: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2025/04/inpe-conclui-lideranca-da-disasters-charter-com-balanco-positivo-e-ampliacao-da-cooperacao-internacional

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