Dispõe sobre a Guia de Recolhimento da União (GRU), e dá outras providências.
O SECRETÁRIO DO TESOURO NACIONAL, no uso das atribuições que foram conferidas à Secretaria do Tesouro Nacional estabelecidas pelo Decreto nº 11.907/24 e registradas no SIORG conforme Decreto 9.739/19;
Considerando o disposto no Decreto nº 4.950, de 9 de janeiro de 2004;
Considerando o disposto no Decreto nº 10.494, de 23 de setembro de 2020, resolve:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Fica instituída a Guia de Recolhimento da União (GRU), documento utilizado na arrecadação de todas as receitas realizadas pelos órgãos, fundos, autarquias, fundações e demais entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social.
§ 1º A GRU deve ser utilizada obrigatoriamente para o recolhimento de receitas e demais valores à Conta Única do Tesouro Nacional, respeitado o disposto no § 3º deste artigo.
§ 2º A GRU possui dois tipos de modalidade: impressa e não impressa, sendo essa a de uso preferencial.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica às receitas administradas pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil (RFB), pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), recolhidas mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) e Guia da Previdência Social (GPS).
§ 4º Para fins dessa Instrução Normativa, entende-se como Unidade Gestora Arrecadadora a unidade do Governo Federal que detém a responsabilidade administrativa sobre os valores arrecadados por meio de GRU.
CAPÍTULO II
Das Modalidades
Art. 2º São GRUs da modalidade não impressa:
I – Digital – tem origem nos recolhimentos por meio de Pix, de cartão de crédito ou de carteira digital efetuados por meio do PagTesouro, plataforma de pagamentos digitais do Governo Federal instituída pelo Decreto nº 10.494/2020.
II – SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro) – poderá ser utilizada para recolhimentos efetuados por instituições financeiras, por meio do Sistema de Transferência de Reservas (STR), conforme orientações da Unidade Gestora Arrecadadora.
III – Intra Siafi – documento do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) de uso obrigatório nos pagamentos entre órgãos e entidades da União integrantes do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social.
Art. 3º São GRUs da modalidade impressa:
I – Simples – documento não compensável e com pagamento exclusivo no Banco do Brasil S/A.
II – Cobrança – documento compensável, disponibilizado diretamente pela Unidade Gestora Arrecadadora e pagável em qualquer instituição financeira, podendo ser utilizado somente para recolhimento de valores a partir de R$ 50,00 (cinquenta reais).
III – Judicial – documento que tem por objeto os recolhimentos especificados pelo Poder Judiciário, obedecendo a legislação afeta à receita correspondente.
Art. 4º A GRU, em sua modalidade impressa, deverá atender às especificações do Anexo desta Instrução Normativa.
Parágrafo único. Nos casos em que a GRU for gerada pela Unidade Gestora Arrecadadora, em sítio próprio, amostras de boleto deverão ser aprovadas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) antes do início da arrecadação para validação do mecanismo de geração utilizado.
CAPÍTULO III
Da Arrecadação
Art. 5º Considerando o disposto no inciso I do art. 11 da Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001, que confere à STN a condição de órgão central do Sistema de Administração Financeira Federal, quaisquer tratativas junto a instituições financeiras que envolvam a arrecadação via GRU devem ser previamente aprovadas pela STN.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica às tratativas necessárias à emissão de GRU Cobrança, desde que não envolva a utilização de formas de pagamento disponibilizadas pelo PagTesouro.
Art. 6º O Banco do Brasil S.A. é o agente financeiro centralizador da arrecadação por meio da GRU em sua modalidade impressa.
Parágrafo único. Observado o disposto nesta Instrução Normativa, as regras de negócio envolvendo a STN e as instituições financeiras com vistas à prestação de serviços de arrecadação e centralização da GRU em sua modalidade impressa serão estabelecidas mediante convênio ou outro instrumento que venha a ser firmado.
Art. 7º As Unidades Gestoras Arrecadadoras somente poderão ofertar o pagamento por meio de cartão de crédito no âmbito PagTesouro.
CAPÍTULO IV
Do Repasse dos Valores à Conta Única
Art. 8º Os recursos financeiros serão repassados à Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no Banco Central do Brasil, até o segundo dia útil após o efetivo ingresso dos valores na conta de reserva bancária do agente financeiro centralizador, no caso da modalidade impressa.
§ 1º O agente financeiro centralizador não fará jus ao recebimento de tarifa pelos serviços referentes à arrecadação via GRU.
§ 2º No caso da GRU Judicial, o agente financeiro arrecadador poderá repassar os valores arrecadados ao agente financeiro centralizador até o segundo dia útil após o efetivo ingresso, e este deverá repassá-los, na mesma data, à Conta Única do Tesouro Nacional.
Art. 9º No caso da GRU Digital, quando o pagamento for realizado por meio de Pix, o repasse dos recursos financeiros da conta do contribuinte à subconta de Pagamentos Instantâneos da STN no Banco Central do Brasil ocorrerá de forma instantânea.
Art. 10 No caso da GRU Digital, quando o pagamento for realizado por meio de cartão de crédito ou de carteira digital, o agente financeiro arrecadador efetuará o repasse dos recursos financeiros à Conta Única do Tesouro Nacional no dia útil seguinte ao pagamento, durante o horário de funcionamento do STR do Banco Central do Brasil.
CAPÍTULO V
Da Restituição de Receitas
Art. 11 A restituição dos valores arrecadados será precedida do reconhecimento do direito creditório por parte da Unidade Gestora Arrecadadora, mediante formalização de requerimento do contribuinte, juntados os documentos comprobatórios.
§ 1º Cumprido o requisito especificado no caput, a Unidade Gestora Arrecadadora deverá efetuar a restituição, por intermédio de ordem bancária específica, exceto nos casos de restituição entre órgãos e entidades da União, quando a Unidade Gestora Arrecadadora deverá efetuar a retificação do recolhimento em favor da Unidade Gestora responsável pelo pagamento.
§ 2º Nas situações em que a restituição corresponda a recursos de Fonte Tesouro (Gera Cota STN), a solicitação ao órgão central do Sistema de Programação Financeira do Governo Federal será objeto de programação financeira específica.
Art. 12 A eventual definição de índice de atualização monetária a ser aplicado nas situações de restituição deve ser estabelecida pelas Unidades Gestoras Arrecadadoras em normativo próprio, não competindo à STN essa atribuição.
CAPÍTULO VI
Dos Procedimentos Operacionais
Art. 13 Compete à Secretaria do Tesouro Nacional:
I – avaliar a necessidade de criação e atualização de códigos de recolhimento;
II – criar e atualizar os códigos de recolhimento;
III – orientar as Unidades Gestoras Arrecadadoras sobre a correta utilização da GRU;
IV – disponibilizar em seu sítio os meios necessários à arrecadação via GRU às Unidades Gestoras Arrecadadoras que não possuem sistema próprio de arrecadação;
V – gerenciar o PagTesouro, plataforma digital para pagamento e recolhimento de valores à Conta Única do Tesouro Nacional;
VI – gerenciar o Sistema de Gestão de Recolhimento da União (SisGRU);
VII – realizar os atos necessários à classificação das receitas arrecadadas por meio de GRU no Siafi.
Art. 14 Compete às Unidades Gestoras Arrecadadoras:
I – selecionar, parametrizar e, se necessário, homologar os códigos de recolhimento para seu uso;
II – solicitar à STN a criação de códigos de recolhimento, informando a fundamentação legal e orçamentária da receita;
III – realizar tratativas com a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) para a criação de natureza de receita e/ou de fonte de recursos nos casos em que não houver no Ementário de Receitas da SOF opção existente adequada ao fato gerador da receita que se pretenda arrecadar;
IV – divulgar os códigos de recolhimento de suas receitas e as respectivas instruções de preenchimento e pagamento;
V – cadastrar e manter os serviços no SisGRU para utilização no PagTesouro;
VI – articular junto ao agente financeiro centralizador da arrecadação em caso de utilização da modalidade impressa GRU Cobrança, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 5º;
VII – submeter obrigatoriamente à aprovação da STN, antes do início da arrecadação, amostras de GRUs quando geradas em sítio próprio, exceto GRU Cobrança;
VIII – verificar o correto recebimento de valores no SisGRU;
IX – efetuar a eventual retificação dos registros no SisGRU;
X – restituir ao contribuinte valores pagos a maior ou indevidamente;
XI – definir o índice de atualização monetária a ser utilizado nas situações de restituição, caso se aplique;
XII – definir sobre a possibilidade ou não de parcelamento de suas receitas e as regras, caso se aplique;
XIII – prestar informações gerenciais sobre a arrecadação de GRU realizadas em seu favor, quando solicitada.
Art. 15 Os Coordenadores-Gerais de Tesouraria e de Contabilidade da STN, em suas respectivas áreas de atuação, expedirão atos complementares necessários ao cumprimento desta Instrução Normativa, por meio de publicação dos procedimentos em macrofunção específica do Manual Siafi.
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 16 Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
Art 17 Revogam-se:
I – na data de publicação desta Instrução Normativa:
a) a Instrução Normativa STN nº 120, de 25 de novembro de 2020;
b) a Instrução Normativa STN nº 2, de 22 de maio de 2009, exceto o §1º do art. 6º e o caput e o parágrafo único do art. 9º;
II – em 1º de janeiro de 2025, o §1º do art. 6º e o caput e o parágrafo único do art. 9º da Instrução Normativa STN nº 2, de 22 de maio de 2009.
ROGÉRIO CERON DE OLIVEIRA
ANEXO I
GRU SIMPLES
CAMPOS DA GRU SIMPLES | CONTEÚDO | OBRIGATÓRIO |
Cabeçalho | “Gerado a partir de” e a informação do site onde foi emitida a GRU e a data e a hora da emissão no formato DD/MM/AAAA HH:MM:SS | X |
Uso do Órgão/STN | Brasão da República, identificação do Governo Federal e “GUIA DE RECOLHIMENTO DA UNIÃO – GRU” | X |
Nome da Unidade Gestora Arrecadadora | Nome do órgão arrecadador da GRU | X |
Nome do Contribuinte | Nome do contribuinte | X |
Instruções | Instruções específicas para o pagamento. Deve incluir “GRU SIMPLES” e “Pagamento exclusivo no Banco do Brasil S.A.” | X |
Código de Recolhimento | Código criado pela CGTES/STN | X |
Número de Referência | Código que permite ao órgão arrecadador identificar as informações relativas ao recolhimento | |
Competência | Mês e ano de competência do recolhimento | |
Vencimento | Data de vencimento do recolhimento | |
Código da Unidade Gestora Arrecadadora | Código da Unidade Gestora Arrecadadora emitente da GRU | X |
CPF ou CNPJ do Contribuinte | CPF ou CNPJ do contribuinte | |
Valor Principal | Valor a ser recolhido | X |
Descontos/Abatimentos | Valor negativo relativo a descontos e abatimentos concedidos | |
Outras Deduções | Valor negativo relativo a outras deduções | |
Mora/Multa | Valor da mora e multa | |
Juros/Encargos | Valor dos juros e encargos | |
Outros Acréscimos | Valor dos outros acréscimos | |
Valor Total | Valor a ser efetivamente pago (soma algébrica dos demais valores) | X |
Linha Digitável do Código de Barras | Representação numérica do código de barras | X |
Código de Barras | Código de barras conforme padrão FEBRABAN | X |
ANEXO II
GRU COBRANÇA
1. O documento tem duas vias ou partes (ficha de compensação e recibo do pagador).
2. O documento é similar ao boleto de cobrança bancária, inclusive o código de barras.
CAMPOS DA GRU COBRANÇA | CONTEÚDO | OBRIGATÓRIO |
Uso do Órgão/STN | Brasão da República em forma de marca d’água e informação “Governo Federal – Guia de Recolhimento da União – GRU Cobrança” | X |
Linha Digitável do Código de Barras | Representação numérica do código de barras | X |
Local de Pagamento | Praça de pagamento do documento | |
Beneficiário | Nome, CNPJ e endereço do órgão arrecadador | X |
Data do Documento | Data de emissão do documento que originou a GRU | X |
Número do Documento | Número do documento estabelecido pelo órgão arrecadador | |
Espécie do Documento | Tipo do documento que originou a GRU, conforme padrão FEBRABAN | |
Aceite | “N” | |
Data do Processamento | Data de emissão da GRU | |
Uso do Banco | Campo de uso exclusivo da instituição financeira | |
Carteira | Código da modalidade de cobrança utilizada para a emissão da GRU | |
Espécie | Sigla de identificação da moeda | |
Quantidade | Quantidade de moeda | |
Valor | Valor da unidade de moeda em reais | |
Instruções | Instruções específicas para o pagamento | |
Data de Vencimento | Data de vencimento da GRU | X |
Agência/Código do Beneficiário | Prefixo da agência e código do órgão emitente da GRU | |
Nosso Número | Código que permite ao órgão arrecadador identificar as informações relativas ao recolhimento | X |
Valor do Documento | Valor a ser recolhido | X |
Desconto/Abatimento | Valor dos descontos e abatimentos concedidos | |
Juros/Multa | Valor da multa, mora e juros | |
Valor Cobrado | Valor a ser efetivamente pago (soma algébrica dos demais valores) | X |
Pagador | Nome, CPF/CNPJ, endereço, cidade, UF e CEP do contribuinte | X |
Código de Barras | Código de barras conforme padrão FEBRABAN | X |
ANEXO III
GRU JUDICIAL
CAMPOS DA GRU JUDICIAL | CONTEÚDO | OBRIGATÓRIO |
Cabeçalho | “Gerado a partir de” e a informação do site onde foi emitida a GRU e a data e a hora da emissão no formato DD/MM/AAAA HH:MM:SS | X |
Uso do Órgão/STN | Brasão da República, identificação do Governo Federal, “GUIA DE RECOLHIMENTO DA UNIÃO – GRU” e “GRU Judicial” | X |
Nome da Unidade Gestora Arrecadadora | Nome do órgão arrecadador da GRU | X |
Nome do Contribuinte | Nome do contribuinte | X |
Nome do Requerente/Autor | Nome do requerente/autor | |
CPF/CNPJ do Requerente/Autor | CPF/CNPJ do requerente/autor | |
Seção JudiciáriaVaraClasse | Informações relativas ao processo judicial | |
Base de Cálculo | Valor de referência para o valor do recolhimento | |
Instruções | Instruções específicas para o pagamento. Deve incluir “Pagamento exclusivo na Caixa Econômica Federal” ou “Pagamento Exclusivo na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil S/A”, a depender do código de recolhimento. | X |
Código de Recolhimento | Código criado pela CGTES/STN | X |
Número do Processo/Referência | Número do processo judicial | |
Competência | Mês e ano de competência do recolhimento | |
Vencimento | Data de vencimento do recolhimento | |
Código da Unidade Gestora Arrecadadora | Código da Unidade Gestora Arrecadadora emitente da GRU | X |
CPF ou CNPJ do Contribuinte | CPF ou CNPJ do contribuinte | |
Valor Principal | Valor a ser recolhido | X |
Descontos/Abatimentos | Valor negativo relativo a descontos e abatimentos concedidos | |
Outras Deduções | Valor negativo relativo a outras deduções | |
Mora/Multa | Valor da mora e multa | |
Juros/Encargos | Valor dos juros e encargos | |
Outros Acréscimos | Valor dos outros acréscimos | |
Valor Total | Valor a ser efetivamente pago (soma algébrica dos demais valores) | X |
Linha Digitável do Código de Barras | Representação numérica do código de barras | X |
Código de Barras | Código de barras conforme padrão FEBRABAN | X |