Encontro do GT de Empoderamento de Mulheres em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe reuniu grupos de trabalho e de engajamento, além de organismos internacionais.
Claudio Kbene
Claudio Kbene
“Nós precisamos discutir o futuro a partir da centralidade das mulheres nos espaços de decisão e no enfrentamento às desigualdades, tanto econômicas como de gênero e raça”, afirmou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, no “Evento Paralelo: A integração da perspectiva de gênero no G20”, fruto de parceria do Grupo de Trabalho de Empoderamento das Mulheres (EWWG, em inglês), coordenado pelo Ministério das Mulheres, com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF). Para Cida Gonçalves, os grupos e esforços do G20 devem ser direcionados à “uma nova globalização com o olhar, a perspectiva de desenvolvimento e de economia a partir das mulheres”.
O evento, realizado nesta quinta-feira (10), contou também com a primeira-dama do Brasil e socióloga, Janja Lula da Silva, que reforçou como as demandas e prioridades sugeridas pelo grupo estreante em 2024, EWWG, são necessárias uma vez que “mesmo as maiores economias do mundo, reunidas no G20, ainda não conseguiram superar a violência baseada em gênero e todas as outras formas de manifestação da desigualdade econômica e social entre mulheres e homens”.
Esta mensagem foi reforçada pela representante do CAF no Brasil, Estefânia Laterza: “Ainda vivemos em um mundo que é muito desigual e essa desigualdade tem o rosto de mulher, tem muito a ver com a discriminação, com a violência e com a divisão desigual dos cuidados, ficando as mulheres, em maioria, a cargo deste trabalho, privando-as de ter o mesmo poder que têm os homens”.
Segundo a secretária-executiva do Ministério das Mulheres e coordenadora do EWWG, Maria Helena Guarezi, “nós temos que repetir a necessidade da igualdade entre mulheres e homens constantemente porque ainda há lugares que não querem nos nomear e nem nos permitir o direito ao nosso corpo e à nossa voz”.
Articulação
A preocupação com a transversalidade marcou a experiência brasileira com a presidência do G20, como ficou evidente na fala dos representantes dos Grupos de Trabalho da Trilha de Finanças, de Agricultura, Comércio e Investimentos, Sustentabilidade Ambiental e Climática, Emprego, Transição Energética, Educação, Pesquisa e Inovação e pela Iniciativa Bioeconomia, durante o painel “A construção da transversalidade nos grupos de trabalho do G20 durante a Presidência brasileira”.
Janaína Batista Silva, representando o GT de Comércio e Investimentos, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), reforçou como o Brasil é um exemplo no setor na medida em que já realiza periodicamente pesquisas desagregadas por gênero. Nesse sentido, “estamos produzindo uma Declaração Ministerial reforçando a importância dos dados desagregados sobre a participação feminina e reforçando a importância do monitoramento desses dados para que a gente tenha um compromisso com a melhoria da situação”, disse. O GT de Comércio e Investimentos vai finalizar os debates ao final deste mês, nos dias 21 e 22 de outubro.
Para Inamara Santos Melo, representante do GT de Sustentabilidade Ambiental e Climática, é impossível falar sobre o tema sem discutir a transversalidade e a interseccionalidade de gênero, raça e classe social, “já que a desigualdade se apresenta como um forte agravante para os impactos climáticos”. Esta dimensão, Melo afirma, que também está contemplada no desenvolvimento do Plano Clima que consolida a política climática brasileira até 2035.
Também participaram das discussões a representante da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino; a coordenadora de Projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Raíla Alves; e a diretora regional da Unesco, Anne Lemaistre, para tratar das pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres do G20 em parceria com esses organismos internacionais.
Participação social
Outro ponto relevante destacado nos diálogos foi a preocupação brasileira e, em especial, do EWWG com a escuta ativa com representantes da sociedade civil, seja pela criação da Trilha do G20 Social ou com encontros, reuniões e troca de experiências com os Grupos de Engajamento, como os Grupos de Mulheres (W20), Negócios (B20), Juventude (Y20), Startups, entre outros.
Na última mesa, que teve como tema “A dimensão da participação social: contribuições dos grupos de engajamento para o GT Empoderamento de Mulheres”, a Chair do Woman20 (Mulheres20, em inglês), reforçou o alinhamento com o Grupo de Trabalho. “É uma batalha enorme falar do tema de gênero em todos os espaços e aqui nós vemos que todos os grupos, inclusive o Oceanos20, estão falando do tema de gênero”, pontuou. “A gente não pode querer mudar o mundo deixando 52% das pessoas para trás e que são mulheres em toda a sua pluralidade”, concluiu.
Confira a lista de todos os convidados e participantes dos GTs e GEs:
- Tatiana Berringer, GTs da Trilha de Finanças
- Ana Paula Porfirio, GT Agricultura
- Janaína Batista Silva, GT Comércio e Investimentos
- Inamara Santos Melo, GT Sustentabilidade Ambiental e Climática
- Maíra Lacerda, GT Emprego
- Mariana Espécie, GT Transição Energética
- Francisco Figueiredo de Souza, GT Educação
- Daniel Bieira Lodetti, Iniciativa Bioeconomia
- Sônia da Costa, GT Pesquisa e Inovação
- Ana Fontes, Delegada Líder do W20
- Ingrid Barth, Sherpa do STARTUP20
- Constanza Negri, Sherpa do B20
- Simone Pennafirme, Sous Sherpa do O20
- Juliana Cesar, Vice Presidenta do C20
- Carolina Tendler, Sous Sherpa do U20
- Marcus Barão, Chair do Y20 e Rayssa Lemes – Y20.