Na sede da CEPAL, no Chile, ministra Cida Gonçalves destaca que direitos das mulheres não sobrevivem em país sem democracia

Segundo dia da 66ª Reunião da Mesa Diretora da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe teve acordos da região aprovados em torno dos direitos das mulheres.

66ª Reunião da Mesa Diretora da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe
66ª Reunião da Mesa Diretora da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe
66ª Reunião da Mesa Diretora da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participou nesta quinta-feira (5) do Painel “Mecanismos para o Progresso das Mulheres e Arquitetura de Gênero no Estado”, no segundo dia da 66ª Reunião da Mesa Diretora da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, realizada na sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), em Santiago, Chile. Nesta quarta-feira (4), as ministras e altas autoridades analisaram os avanços e desafios das políticas e direitos das mulheres na região.

Cida Gonçalves falou sobre como a democracia é essencial para garantir a efetivação das políticas públicas para mulheres e meninas, destacou que a diversidade das mulheres deve ser considerada como uma prioridade na elaboração dessas políticas e elencou os desafios para superar problemas como a violência baseada em gênero e o combate à pobreza diante da conjuntura política vivenciada no país. “Os direitos das mulheres não sobrevivem sem um país democrático. A defesa das políticas públicas para as mulheres está diretamente relacionada com a premissa de um estado democrático”, iniciou a ministra, lembrando de aspectos da história do país ocorridos na última década e que fragilizaram o sistema democrático brasileiro.

Outro ponto enfatizado em seu discurso foi a importância de se considerar a diversidade das mulheres na elaboração e implementação das políticas públicas. “Não posso discutir políticas públicas sem discutir as diversas mulheres: as mulheres da Amazônia, do Pantanal, das periferias de São Paulo e do Rio, as mulheres que perdem seus filhos mortos por um tiro, por serem negros, as mulheres do campo e das florestas, as pescadoras. No meu país, não temos uma mulher, temos diversas. E cada uma tem uma realidade, uma cultura, que vem do seu povo, da sua região, e que deve ser considerada no processo de elaboração de políticas públicas”.

A ministra também destacou experiências brasileiras que colocam as mulheres como principais beneficiárias, a exemplo dos programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, e trouxe dados do país sobre como as mulheres, especialmente as mulheres negras, são as mais impactadas por todos os tipos de violência, pobreza e demais desigualdades. “No Brasil, a fome tem cara, tem raça, tem sexo”, declarou.

Tema prioritário nos debates da 66ª Reunião, a análise da avaliação da aplicação da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, 30 anos após sua aprovação, também foi abordado pela ministra das Mulheres do Brasil. Ela desafiou as autoridades presentes a pensar os próximos 30 anos. “Esta instituição, Beijing, tem que se manter como está. Temos que fazer um documento da CEPAL que ajude a chegar daqui a 30 anos com a cabeça erguida, porque nós vamos dizer que, quando avaliamos os 30 anos, demos condições para que nossas meninas e mulheres estejam vivas, e apenas vivas, com todo o direito de ser, com todos os seus direitos garantidos pela humanidade”, concluiu.

Além de Cida Gonçalves, o painel foi composto por Citalli Hernández Mora, Secretária das Mulheres do México – a primeira a ocupar o posto na história do país, uma vez que o órgão foi criado pela presidente recém-eleita Cláudia Sheinbaum; Sharon Coburn, diretora principal de Assuntos de Gênero do Ministério da Cultura, Gênero, Lazer e Esporte da Jamaica; Alejandra Mora Mora, Secretária Executiva da Comisión Interamericana de Mulheres (CIM) da Organização dos Estados Americanos (OEA) e Paola Yáñez, Coordenadora-Geral da Rede de Mulheres Afrolatino-americanas, Afrocaribenhas e da Diáspora (RMAAD).

Neste segundo e último dia de encontro, os Estados Membros da Mesa Diretora aprovaram os Acordos da 66ª Reunião. Também foi adotada a “Declaração das Ministras e Altas Autoridades dos Mecanismos Nacionais para o Progresso das Mulheres da América Latina e Caribe para o 69º período de sessões da CSW”. A declaração está centrada no exame e avaliação da aplicação da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim e nos resultados do 23º período extraordinário de sessões da Assembleia Geral da ONU. O documento é a contribuição da região à declaração política que se adotará na próxima CSW, em março de 2025.

A representante do governo do México, na qualidade de país anfitrião da XVI Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, que ocorrerá em 2025, fez uma intervenção sobre os preparativos da reunião. A diretora da Divisão de Assuntos de Gênero da CEPAL apresentou os conteúdos do documento de posição da XVI Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe.

Sobre a Reunião

Estavam presentes demais ministras e altas autoridades para o tema de mulheres de países da região, além de integrantes da academia e sociedade civil.

Instância fundamental para avaliar o progresso da região em termos de igualdade de gênero e autonomia das mulheres, a Reunião da Mesa Diretora da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe é organizada pela CEPAL, em coordenação com a ONU Mulheres. O encontro visa analisar o cumprimento dos acordos internacionais e regionais sobre a igualdade de gênero e impulsionar a incorporação da perspectiva de gênero e a garantia dos direitos humanos das mulheres nas políticas públicas dos países da região.

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