PESQUISA EM ECONOMIA | Estudos produzidos no Ministério ganham projeção em evento global de Economia da Saúde, em Barcelona

Modelo de divisão de custos sobre medicamentos não incorporados ao SUS e Núcleos de Economia da Saúde foram temas apresentados durante a Ispor Europe 2024C.

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Foto: divulgação/MS

O Ministério da Saúde participou da segunda edição da Ispor Europe 2024 (Sociedade Internacional de Pesquisa em Economia da Saúde e Desfechos Clínicos), que acontece anualmente e que se configura como um dos principais espaços para reflexões, apresentações e discussões de resultados globais no campo da Economia da Saúde.

Um dos trabalhos apresentados pela pasta utilizou um modelo econométrico para analisar e quantificar relações entre variáveis econômicas relacionadas ao setor de saúde, visando auxiliar no planejamento de políticas públicas e na alocação eficiente e equitativa de recursos. O estudo propôs um modelo para a divisão dos custos com a judicialização de medicamentos não incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) entre os entes federados (União, estados, Distrito Federal e municípios).

Como destaque desse estudo tem-se o uso de uma metodologia segura e já existente, gerada pelo Tesouro Nacional, chamada de Capacidade de Pagamento (Capag). “Utilizamos indicadores econômicos e financeiros que são fundamentais para avaliar a capacidade fiscal de cada ente federado. As pessoas que circularam pelo evento tiveram interesse pelo tema porque, de certa forma, reflete a realidade brasileira, ao ajudar a determinar, de maneira mais justa e equitativa, a distribuição dos recursos, como no caso da judicialização desses medicamentos”, explica a colaboradora do ministério Alessandra Sousa, que apresentou o artigo.

Consideram-se enquanto medicamentos “não incorporados” aqueles que não constam na política pública do SUS, os previstos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) para outras finalidades, os que não apresentam registro na Anvisa e os off label (que significa “fora de indicação”) sem PCDT, ou que não integram listas do componente básico.

“As variáveis que foram utilizadas, por exemplo, endividamento, poupança corrente e liquidez relativa, foram bastante apropriadas para a divisão equilibrada e justa dos custos relacionados à judicialização desses medicamentos entre as esferas de governo. Esses são desdobramentos que podem e devem impactar futuramente no planejamento das políticas públicas, essencial para garantir o acesso universal e igualitário à saúde aqui no Brasil”, complementa.

Já o outro estudo baseou-se em experiências exitosas dos Núcleos de Economia da Saúde, conhecidos como NES. O Ministério da Saúde incentiva e promove a criação desses núcleos nas Secretarias de Saúde, uma vez que são referências no tema nos territórios onde estão localizados – em todo o Brasil já são 23 NES ativos e institucionalizados, sendo 17 deles estaduais e seis municipais.

“Dentro dos NES há a possibilidade da realização de estudos econômicos a partir de dados dos Sistemas de Economia da Saúde, além de todo o apoio que um núcleo pode oferecer aos gestores por auxiliá-los na tomada de decisão baseada em dados. Esses dados são obtidos através de sistemas fornecidos pelo próprio ministério aos entes, assim como o apoio e a capacitação necessária para a alimentação destes”, conta Alessandra Sousa.

O artigo apresentado pela colaboradora da pasta Karolliny Remor focou em cinco experiências dos estados da Paraíba, Pernambuco, Bahia, do município de Sobral, no Ceará, e do Distrito Federal. “Concluímos que os NES são importantes para manter a sustentabilidade do SUS, fornecendo transparência e tornando o sistema mais eficiente”, reflete Karolliny.

Ambos os trabalhos foram gestados no Departamento de Economia e Desenvolvimento em Saúde, o Desid, que é responsável por realizar análises econômicas em saúde e por implementar ferramentas importantes para o planejamento dos profissionais que estão lá na ponta, fazendo a gestão do SUS nos estados e municípios. 

Excelência em pesquisas

International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research é uma organização global sem fins lucrativos dedicada ao avanço da Health Economics and Outcomes Research (HEOR). A sociedade é fonte de conferências científicas, publicações revisadas por pares e indexadas no Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) , e é dedicada a melhorar a tomada de decisões sobre saúde a nível global, promovendo a excelência em pesquisas.

O evento foi realizado no final do mês de novembro, em Barcelona (Espanha), e a próxima edição está marcada para os dias 13 a 16 de maio de 2025, na cidade de Montreal, na província de Quebec (Canadá). Para mais informações, acesse o site da entidade.

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