Até abril de 2025, os países envolvidos na iniciativa apresentarão um plano estratégico com medidas prioritárias e concretas para acelerar a transição energética global.
Financiar uma nova coalização que busca acelerar a transição para energias renováveis em escala global é o objetivo da Missão de Financiamento da Aliança Global de Energia Limpa (GCPA). A iniciativa foi proposta pelo Brasil e pelo Reino Unido e apresentada nesta terça-feira (19/11) no Rio de Janeiro. O protocolo de intenções, assinado pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, integra os esforços para apoiar as metas do Global Stocktake (GST), um mecanismo de monitoramento do Acordo de Paris, que propõe triplicar a capacidade instalada de fontes renováveis e dobrar a eficiência energética até 2030. A iniciativa vem ao encontro das ações da Fazenda com o Plano de Transformação Ecológica, que visa acelerar a economia de baixo carbono gerando empregos de alta qualidade no país nos setores de transporte, agricultura, energia, indústria e infraestrutura, entre outros.
O documento, ratificado também por França, Noruega, Chile, Colômbia, Tanzânia, Emirados Árabes Unidos e Alemanha, destaca que acelerar a transição para a energia limpa dará início a uma das transformações econômicas e industriais mais significativas da história moderna, criando uma oportunidade geracional para gerar bons empregos, crescimento econômico e prosperidade. Esses benefícios devem ser globais e proporcionados por meio de uma transição sustentável, inclusiva e justa.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), os investimentos em energia limpa precisam alcançar o dobro do valor atual nas economias avançadas e na China até o início da próxima década. Já para os Mercados Emergentes e Economias em Desenvolvimento (EMEDs), esse aumento precisa ser ainda mais expressivo e alcançar um crescimento de seis vezes. Apesar de abrigarem dois terços da população mundial, essas regiões recebem apenas 15% dos investimentos globais em energia limpa, evidenciando um desequilíbrio significativo na alocação de recursos.
A maioria dos recursos necessários para a transição para a energia limpa deverá vir do setor privado. Diante disso, os países signatários do documento se comprometem a assumir um papel estratégico para criar ambientes favoráveis, tanto nacionais quanto internacionais, de modo a atrair investimentos, desenvolver portfólios sólidos de projetos viáveis e oferecer soluções de financiamento direcionadas e inovadoras que reduzam os riscos para os investidores. Além disso, os governos se colocam à disposição para facilitar a conexão entre investidores e oportunidades prioritárias, garantindo que os recursos sejam alocados de forma eficiente.
Os países que aderiram ao protocolo de intenções se mostraram dispostos a melhorar a coordenação e a simplificar o acesso ao apoio internacional por meio da implantação de plataformas para captar recursos e intensificar a transformação ecológica em setores da economia. Em outubro, o Brasil lançou em Washington (EUA), a Plataforma Brasil de Investimento Climático e para a Transformação Ecológica (BIP), com o intuito de ampliar os investimentos de transição dos setores público e privado, integrar caminhos e iniciativas existentes, mobilizar capital em grande escala e garantir o uso eficaz dos recursos para promover os Planos de Transformação Ecológica e Climática do governo brasileiro.
A missão ainda prevê que os países promovam reformas que criem um ambiente propício para investimento, removendo barreiras e fortalecendo o setor de energia e finanças em geral. As nações signatárias do documento ainda pretendem garantir maior apoio à industrialização verde, à inovação tecnológica e ao desenvolvimento da cadeia de suprimentos para capitalizar as oportunidades econômicas e sociais da transição energética que gere empregos, crescimento econômico e prosperidade.
Os países participantes da iniciativa devem, até abril de 2025, elaborar e apresentar um plano de ação focado em prioridades essenciais. Esse documento estabelecerá medidas fundamentais para impulsionar a transição energética global e cumprir os objetivos das próximas cúpulas climáticas, COP30 e COP31.
O anúncio da Aliança Global de Energia Limpa (GCPA) foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. A iniciativa visa acelerar a transição global para energia limpa, incluindo planejamento energético e metas climáticas. Eles se encontraram às margens da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro para discutir a relação entre as nações e anunciar novas áreas de cooperação.